quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Não olhe para trás

Ontem, em visita a uma indústria aqui das redondezas, fiquei surpresa ao ler em uma placa do estacionamento a seguinte inscrição: estacione de ré!

Ainda não sei a razão dessa regra (certamente deve ter), mas vou pesquisar...

Enquanto isso – pra variar - fico pensando: em geral, não é bom andar para trás. De ré, não possuimos a mesma visão que temos quando seguimos em frente. Há sempre um poste, um meio-fio que passam despercebidos.

Na vida é assim também. Às vezes, seguimos placas imaginárias que nos mandam olhar para trás e nossa visão alterada nos leva a dizer: eu era feliz, não sou mais. Como era bom naquele tempo... Ou o contrário: No passado, vivi experiências tão traumáticas que acho que nunca vou conseguir avançar, prosseguir...

Nesse caminho, acabamos perdidos em meio à ansiedade e frustração. Perdemos a fé e a esperança e, quando menos esperamos, estamos dizendo: não serei feliz.

Deixamos de ver o que há de belo hoje e perdemos a capacidade de ser gratos.

Foi o que aconteceu na família de Ló. Deus decidiu destruir a cidade onde eles moravam, por conta da maldade do povo daquele lugar. Por amor a Abraão (tio de Ló), Deus resolveu livrar Ló e sua família da morte e determinou que eles fugissem, antes que o Senhor fizesse chover enxofre e fogo sobre aquela cidade. E ordenou-lhes:

“Fuja por amor à vida! Não olhe para trás e não pare em lugar nenhum da planície! Fuja para as montanhas, ou você será morto!" (Gênesis 19:17)

A esposa de Ló, porém, desobedeceu à ordem e olhou para trás. Sua morte foi instantânea e inusitada: ela transformou-se em uma estátua de sal.

Que coisa trágica!

Creio que Ló também pensou em olhar para trás. Tempos antes ele havia escolhido
aquelas terras, atraído pelo que seus olhos tinham visto:

"Olhou então Ló e viu todo o vale do Jordão, todo ele bem irrigado, até Zoar; era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito". (Gênesis 13:10)

O apego de Ló àquela cidade evidencia-se quando lemos que, depois de terem sido avisados de que a cidade seria destruída, ele ainda demorou a sair:

"Tendo ele hesitado, os homens o agarraram pela mão, como também a mulher e as duas filhas, e os tiraram dali à força e os deixaram fora da cidade, porque o Senhor teve misericórdia deles". (Gênesis 19:16)

Imagino a tristeza deles quando tiveram que abandonar as planícies irrigadas e férteis para morar em uma caverna. A princípio, parecia uma troca ruim, mas Deus tinha um plano de vida para Ló e para a sua família, desígnio que a esposa de Ló não pode contemplar, porque estava concentrada naquilo que deixaram para trás.

Somos tão apegados às coisas materiais e nos impressionamos tanto com o que nossos olhos vêem que, se não tomarmos cuidado, corremos o risco de terminarmos como a esposa de Ló. Portanto, quando abrirem-se os caminhos e tivermos que escolher para onde ir, não nos prendamos ao caminho já trilhado, mas entreguemos nossas vidas a Deus para que
Ele nos guie, segundo a sua vontade, pois seu caminho é perfeito e conduz à vida.

Apontemos nossos olhos para frente e depositemos nossa confiança em Deus, crendo que os propósitos dEle são sempre os melhores, ainda que tenhamos que lidar com as lutas e as dificuldades de toda mudança.

Quando os filhos de Deus foram tirados de Jerusalém e escravizados na Babilônia, Deus lhes consolou, dizendo:

" [...] sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro. Então vocês clamarão a mim, virão orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês", declara o Senhor, "e os trarei de volta do cativeiro. Eu os reunirei de todas as nações e de todos os lugares para onde eu os dispersei, e os trarei de volta para o lugar de onde os deportei", diz o Senhor. (Jeremias 29:10-14)

Essas palavras também são para nós hoje.

Não olhe para trás. Se olhar, vai acabar caindo, tropeçando em alguma pedra. Olhe para frente, para tudo o que Deus ainda vai realizar, para as promessas que ainda vão se cumprir.

Finalizo esse post com o texto de Rm. 11.32-36:

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”. (Romanos 11:33-36)


Amém.

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