sábado, 18 de maio de 2013

Conversa cansativa

Uma colega de trabalho, vez por outra, diante de um diálogo enfadonho, solta a seguinte expressão:

- Deixa de conversa cansativa!

Rsrsrs

De fato, alguns discursos são bem cansativos. Um, em especial, tem me entediado ultimamente.

Aquelas palavras tortas que saem da roda dos desocupados. Gente que senta na vida para observar a dos outros acontecer e desce a lenha ao descobrir falhas, faltas...

Bisbilhota a vida alheia, dá conta de quem entra e sai da casa do vizinho, conhece a rotina (e a falta dela), descobre as notícias antes mesmo de acontecerem. Se não bastasse ainda opinam, normalmente com aquele tom de reprovação.

Enquanto os outros agem, acertam e erram, lá estão eles com a vida parada, como se na vida tivéssemos o direito de apertar o pause.

Sabe aquele povo cuja conversa é sempre para denegrir a imagem dos outros?! Mal abre a boca e já começa: “Fulano, você soube do sicrano?” ou “você viu o que ele fez?” ou ainda “o que ele não fez?”. E depois segue com uma lista de acusações.

Lembro-me da história do menino, do velho e do jumentinho. Os três iam andando pela estrada quando passaram por um grupo de pessoas que foi logo comentando: “Que velho e menino burros, tem um jumento desses com eles e vão seguindo à pé”. Diante do comentário, o velho subiu no jumento e prosseguiram a viagem. Mais à frente uma pessoa falou: que velho insensível, enquanto ele está no bem bom, o pobre menino vai andando. Diante dessas palavras, o velho trocou de lugar com o menino, mas ainda assim não foram poupados da crítica. Alguém disse: menino sem-vergonha, deixa o velho à pé, enquanto ele no auge da força, vai muito bem sentado. Por fim, os dois subiram no jumentinho. Tudo ia bem até encontrarem um grupo de pessoas: coitado do jumento, veja quanto peso tem que carregar...

Rsrsrs

Não é fácil agradar aos críticos de plantão. Se você faz ou deixa de fazer já é alvo de críticas.

Deus nos dê discernimento e amor e que nossas palavras revelem isso. Antes de acusar, coloque-se no lugar do outro.

Às vezes, um alerta, um conselho, uma admoestação são necessários. A crítica edificante é antes bondosa, compassiva. Antes de doer no outro tem que doer em você.

Se for pra ficar atirando palavras como pedras é melhor fechar a matraca.

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade,e, assim, transmita graça aos que ouvem”. Ef 4.29

“Eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, cada pessoa vai prestar contas de toda palavra inútil que falou. Porque as suas palavras vão servir para julgar se você é inocente ou culpado.” Mt 12.36

“Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!”Sl 19:14

“A minha boca falará com sabedoria [...]” Sl 49.3

sábado, 11 de maio de 2013

Carta de um futuro filho

Essa semana sonhei quase todos os dias com bebês e pessoas grávidas. Penso que é o instinto materno aflorando. Rsrsrs

É que Deus já nos criou mães.

Quando meninas já ninávamos as bonecas. Depois passamos a pastorear irmãos, primos, sobrinhos, amigos... Quem nunca instruiu, brincou, acalentou? Até nos tornarmos mães de fato, já experimentamos de alguma forma a maternidade.

Ainda não é desta vez que serei uma das homenageadas da data. Estou me programando para poder, em um futuro breve, ter um canto quieto em que possa vivenciar com toda intensidade o presente lindo que é a maternidade.

Mãe, obrigada por você me fazer desejar isso como uma realização de vida.

Finalizo, falando às mães que lutam para engravidar ou manter uma gravidez. Vocês já merecem nossos parabéns. Já entenderam o que é ser mãe e, mesmo diante das lutas, aspiram cada vez mais viver por essa emoção.

No momento certo, vocês vão experimentar a maternidade de fato. Enquanto isso, dediquem-se a Deus. Ele fará grandes mulheres, maravilhosas mães.

Este texto é pra vocês!
...

Estou com medo. Disseram que aí fora não anda lá essas coisas. O amor de quase todos está esfriando, há violência, indiferença e abandono por todos os lados.

A vida é uma janela aberta, um clarão anunciando um mundo grande demais. Sou pequeno, minhas mãos e meu corpo tão frágeis... Poder contar com você é um alento, é o que me anima a enfrentar tanta novidade.

Quando olho através de você, consigo enxergar um mundo diferente. Seu calor, olhar e toque despertam em mim a esperança.

Falaram de coisas incríveis a seu respeito. Disseram que você é única, que você estará comigo em meus maiores desafios. Quanto todos virarem as costas, quando ninguém mais acreditar, encontrarei você por perto, porque não desiste de mim.

Ainda estou esperando, mas minhas expectativas são as melhores. Logo encontrarei seus olhos e poderei contemplar o amor que mais se aproxima ao de Deus: incondicional.

Por algum tempo não vou poder falar, mas de alguma forma vamos revelar nossa sintonia.

Você me protegeu até aqui e não será diferente quando eu vier à existência.

Ainda que frágil e limitada, você é exatamente o que preciso ter. Guerreira, já suportou e venceu tantas batalhas. Mesmo sem saber, defendeu os meus direitos e conquistou o que podia para me ver bem.

Eu vou estar bem e alegrarei a casa com minhas gargalhadas e brincadeiras. Vou me esforçar para ser um bom filho e não decepcioná-la. Talvez eu não consiga. Se eu perder o foco, se me deixar levar pelos ventos, por favor, me segure! Encaixe suas mãos nas minhas e me mostre o caminho a seguir.Ninguém poderá fazer o que você está disposta a fazer por mim.

Quero o seu colo. Preciso de seu aconchego, de seus cuidados pela manhã e proteção na longa noite.

Quando eu nascer, espero fazer com que você se sinta homenageada todos os dias.

Antes mesmo que eu fosse um projeto, você já tinha em suas células e em sua alma o selo de qualidade, a garantia de que, no momento certo, teria braços firmes pra me carregar, mãos carinhosas, ombros macios.

Ainda que não fizesse mais nada, você já seria completa simplesmente por ser mãe.

Feliz dia! Feliz espera! Feliz chegada! Feliz vida!

Beijos carinhosos,

Seu filho.
...

Abaixo, eu e minhas mães queridas!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Parece perfeito

Em recente visita ao Masp, Museu de Arte de São Paulo, uma frase nos chamou a atenção:

“Tudo que é visto à distância transforma-se em poesia: montanhas distantes, povos distantes, fatos distantes. Tudo (assim) vira romântico.” (Novalis).

De longe, a perfeição é nossa amiga. Somos ricos, bons, admiráveis. Todos nos querem por perto até que nos aproximamos de verdade.

A frustração é um dos efeitos colaterais da proximidade. Por isso muitos decidem se isolar e pensam que o melhor é não dar colher de chá pra ninguém. Então desistem de frequentar igrejas, clubes ou qualquer lugar que lhes coloquem diante de um agrupamento de pessoas. Apegam-se mais aos bichos, pois tem medo de mais uma vez saírem magoados.

Apesar dos riscos, ainda prefiro as pessoas. Sei de todo potencial que o ser humano tem de trair, apunhalar, fofocar, mas são esses mesmos seres humanos que amam, fazem companhia e dão carinho.

Talvez o isolamento não seja a melhor opção. Somos seres sociais e precisamos mesmo uns dos outros. Além disso, faz parte do plano de Deus que amemos uns aos outros e só poderemos crescer nesse propósito se convivermos com o próximo, suportando suas imperfeições e o ajudando em suas faltas.

Quando reconheço minhas próprias falhas, aprendo a conviver em sociedade e a desenvolver relacionamentos saudáveis.

O problema é que vivemos um tempo de relacionamentos rápidos e descartáveis. Você se torna amiga da noite para o dia e, em um segundo momento, se torna a pior inimiga. Você se casa assim que o sonho começa, depois acorda e se vê em um pesadelo.

Não devo ser tão apaixonado ao ponto de me jogar com tudo no primeiro par de olhos cativantes que me aparecem. Logo, eles parecerão detestáveis. Um relacionamento sólido se constrói aos poucos. Primeiro se levanta o alicerce.

Construir é um desafio. A gente se aproxima, conhece, rejeita, aceita, exercita a paciência e aprende a compartilhar a vida, respeitando espaços e diferenças.

Deus nos ajude a compreender o próximo, a amá-lo como a nós mesmos. Assim o enxergaremos com o ângulo e a luz mais adequados. Porque quando amo, supero os desgastes e os desapontamentos da proximidade.