quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sobre a preguiça

Meu pai tinha a incumbência de acordar minha sobrinha Beatrice (de 4 anos) todas as manhãs para levá-la para a escola.

Era sempre uma novela. Ela se espreguiçava de um lado para o outro e custava levantar.

Um dia, ela disse choramingando:

- É que essa preguiça se agarrou em mim e não quer soltar.

Papai deu umas palmadas no bumbum dela, explicando-lhe que estava batendo na preguiça.

No dia seguinte, após chamá-la sem resposta, ele ameaçou:

- Será possível que vou ter que bater de novo nessa preguiça pra ela largar de vez da minha neta.

Tão logo escutou, Beatrice levantou-se e disse de pronto:

- Não, vovô. A preguiça já me soltou e foi pra casa do vizinho.

Rsrsrsrs

A verdade é que tem muita preguiça no mundo precisando de umas boas palmadas.

No serviço público, quantos funcionários ficam pescando. Também na iniciativa privada, os empresários reclamam da grande quantidade de trabalhadores inertes.

Você procura por um pedreiro, eletricista, diarista e nada... Mas as calçadas, os bares estão sempre lotados.

Onde estão os trabalhadores deste Brasil varonil?

O jornalista e escritor Laurentino Gomes (no livro 1822) destaca duas características comuns no Brasil colonial: aversão ao trabalho e a total dependência da mão de obra escrava. As madames eram incapazes de se servir de um copo d’água, ainda que a jarra estivesse ao alcance. As criadas negras deveriam estar atentas a toda e qualquer necessidade de sua senhora, poupando-lhe de qualquer serviço.

A preguiça é mesmo um mal arraigado.

O livro de Provérbios está repleto de versículos que nos alertam em relação à indolência.

“Preguiçoso, aprenda uma lição com as formigas! Elas não têm líder, nem chefe, nem governador, mas guardam comida no verão, preparando-se para o inverno. Preguiçoso, até quando você vai ficar deitado? Quando vai se levantar? Então o preguiçoso diz: ‘Eu vou dormir somente um pouquinho, vou cruzar os braços e descansar mais um pouco’. Mas, enquanto ele dorme, a pobreza atacará como um ladrão armado”. Pv 6.6-11

“Por mais que o preguiçoso deseje alguma coisa, ele não conseguirá, mas a pessoa esforçada consegue o que deseja.” Pv 13.4

“O preguiçoso morre desejando muitas coisas porque se nega a trabalhar.” Pv 21.25

A situação confortável nem sempre é a mais viável. A vida nem sempre vai ser fácil e pra se conseguir qualquer coisa duradoura é necessário o suor do rosto.

Há momento para tudo. Realizar e descansar. Se você deixa de fazer o que é necessário no momento certo, o prejuízo será grande e o trabalho a ser feito bem maior.

É o que constatamos em Eclesiastes 10.18: “Se por preguiça você deixar de consertar o telhado de sua casa, ele acabará ficando cheio de goteiras, e a casa cairá”.

Como diz aquela famosa apresentadora: Acorda, menina!

O ano está só começando. Levante-se, invente, tente, comece, continue.

Aproveite a aurora de sua vida para semear, porque um dia, certamente, você vai colher.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Sobre a tragédia em Santa Maria-RS

Não se fala em outra coisa. A tragédia em Santa Maria-RS comoveu o Brasil e o mundo.

Quando imagino pessoas aglomeradas em um espaço fechado, inalando fumaça, enquanto se esforçavam para alcançar a porta que lhes poria a salvo, fico sufocada. Poderia ser eu, poderia ser você.

A porta era estreita demais pra tanta gente. Muitos morreram pisoteados. Outros queimados, intoxicados... Um dia triste que ficará para a história.

Muito se falou sobre eventuais responsabilidades, sobre prevenção de acidentes. São pontos fundamentais a se refletir, até para que se possa livrar novas vítimas das mesmas imprudências.

Mas há outra lição: a morte não faz acepção de pessoas. Não marca hora com os importantes, não negocia com os ricos. Não respeita idades. Vem a qualquer hora.

Um discurso comum tem sido: ninguém podia imaginar que jovens, que saíram para se divertir, faleceriam de forma tão trágica.

De fato, ninguém imagina. Apesar de certa, nunca pensamos que a morte nos encontrará em atividades corriqueiras como ir ao Shopping, trabalhar, fazer as unhas... Nem seria bom que assim fosse, pois seríamos verdadeiros paranoicos.

Hoje estou escrevendo para vocês, amanhã posso ter partido desta pra melhor. Tem gente que nem quer imaginar essas coisas (bate até na madeira- rsrsr), mas não podemos nos perder dessa verdade.

Precisamos estar preparados para a morte. O que fazemos hoje trará reflexos para a existência vindoura. Aqueles que se esforçam em agradar a Deus desfrutarão de uma eternidade feliz, os demais terão um pós-túmulo de horror e medo.

Alguns podem pensar que é mera história da corochinha. As Escrituras, porém, revelam de forma enfática (e convincente) essa verdade eterna.

Já contei aqui no blog sobre a parábola de um homem rico, que passava a vida pensando em ampliar seus negócios e prosperar mais e mais.

Ele se preocupava apenas com as questões dessa vida, em como acumular e desfrutar de toda a sua fortuna.

Então Deus lhe confrontou: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20)

Assim como a porta da boate Kiss, a porta que conduz à salvação é estreita. Não há espaços para os adornos carnais que incorporamos à nossa rotina. De duas uma: ou nos desfazemos dessas tralhas, ou não entraremos no reino dos céus.

É tempo de refletir.

É tempo de amar. Chorar com nossos irmãos de Santa Maria-RS e orar por cada pai, mãe, avô, irmão, primo, amigo, cônjuge, namorado que perdeu algum querido.

A tragédia deles também é nossa.

Deus nos ajude!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cinderelas de verdade

Dia desses, no salão, as mulheres estavam zangadas. O assunto chamou minha atenção.

- Não suporto quando alguém vem me dizer: nossa, você está mais magra! O que aconteceu?!- reclamou a moça magrinha, confidenciando em seguida: é como se estivessem me achando feia, fico me sentindo mal, me olho no espelho e me vejo esquelética, doente.

A outra mais cheinha deu razão à colega, defendendo a sua causa:

- Já eu me irrito quando dizem: ganhou uns quilinhos, né?! Eu sei melhor do que ninguém quando estou mais gorda...

Identifiquei-me com aquelas confidências de salão. Já me senti assim em algumas situações parecidas.

Dá uma sensação ruim quando você vai fazer uma simples escova e a cabeleireira (muitas vezes para vender outros serviços do salão) diz:

-Nossa, mas seu cabelo está ressecado, quebrado, maltratado, cheio de ponta dupla...

Aposto como você sai arrasada, pensando que a calvície é questão de tempo.

Algumas pessoas pensam que podem subir, rebaixando os outros. Elas veem em você pontos fortes, características impressionantes, mas realçam suas imperfeições. Era o que faziam as irmãs da Cinderela no famoso conto.

Há quem nos maltrate sem ter necessariamente uma intenção malévola. São os famosos sem noção, involuntariamente indiscretos, sem modos.

Às vezes, nós mesmos damos nossos passos fora. Devemos ter cuidado com as palavras.
Elas guardam um poder de repercussão incalculável.

Não é à toa que Tiago (3.8-11) escreve “Ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar. Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. Meus irmãos, isso não deve ser assim.”

Por outro lado, precisamos entender uma coisa: aos olhos de Deus somos lindas criaturas! Ainda que não nos enquadremos nos padrões de beleza deste mundo, Ele nos vê dessa forma.

Quando nos aproximamos do Criador, entendemos mais sobre nós mesmos e aprendemos que a graça dEle é o suficiente, o resto é vaidade.

O que os outros pensam de mim não terá tanta importância quando eu conhecer os pensamentos de Deus ao meu respeito. Não me deixarei levar por palavras levianas. Não precisarei que uma fada me transforme em princesa. Nem me sentirei mais segura em cima de um salto de cristal ou vestindo as marcas da moda. Serei quem sou, reconhecendo meus defeitos e buscando alcançar a beleza dos céus.

Deus nos abençoe!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Marias...

Dia 22.01 tem encontro de mulheres aqui em casa, quando nos reuniremos para
ler a Bíblia, orar, aprender mais sobre Deus e nos confraternizar.

O tema proposto é: qual a sua prioridade?

A personagem escolhida: Maria. Nestas simples palavras, antecipo o porquê.
...

Maria recebeu uma importante missão.

Em um dia normal, algo inesperado aconteceu-lhe: um anjo veio ao seu encontro e anunciou uma mensagem vinda do céu: “Alegre-te, muito favorecida! O Senhor é contigo!

[...] Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus”. LC 1.28 e 31.

O desafio era grande. Maria estava noiva de José e não tinha relações sexuais com nenhum homem. Deus operaria um milagre. O Filho de Deus seria concebido sobrenaturalmente, através da ação do Espírito Santo, manifestação clara do poder de Deus.

Especula-se que Maria era uma adolescente ainda, de menos de 15 anos, quando foi escolhida. Algo naquela menina chamara a atenção de Deus. Acredito que sua devoção sincera.

Muitas coisas estavam em jogo naquela visita inesperada. Maria estava disposta a abrir mão de tudo. Não se importou com sua reputação, nem se seria aceita por seu noivo, sua prioridade era Deus.

Ela entregou-se por completo ao Espírito Santo, quando disse:

“Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o Senhor acabou de me dizer.” Lc 1.38

Uma mulher como eu e você, jovem simples de uma cidade sem expressão, mas que se destacou por sua abnegação e amor incondicional ao Deus Todo-Poderoso.

Uma pecadora como eu e você, que escolheu entregar-se a Deus por inteiro, reconhecendo-o como Salvador:

“A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador. Pois Ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada.” Lc 1.47-48

De fato, todos são unânimes em reconhecer a benção de Deus sobre sua vida.

Marias, Evas, Franciscas... Cada uma de nós carrega a responsabilidade de eleger nossas prioridades de forma sábia.

Maria gerou Jesus. Depois casou-se, teve outros filhos, concebidos naturalmente, preocupou-se como uma mãe normalmente faz. Sua humanidade, porém, não lhe impediu de ver que mais que filho, Jesus era o próprio Deus, que veio do céu para nos salvar e livrar da escravidão do pecado.

E Maria o serviu até o fim. O Bebê que ela embalou na manjedoura morreu ali diante de seus olhos. Ela viu as chagas de Jesus, seu sofrimento e, três dias depois, sua ressurreição.

Exemplo de cristã, motivo de imitação, não adoração.

Até lá!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Simplesmente....

Se eu simplesmente pudesse não me importar...

Não teria agora tantas lágrimas nos olhos. Seguiria como se tudo fosse normal.

Nada de surpresas ou deslumbramento, frustrações ou decepções.

Concordo que não seria a pessoa mais feliz do mundo, mas também não experimentaria a dor profunda.

Mas como não me importar se eu amo? Amar implica envolvimento. Amor é o oposto de indiferença. E por mais duros que sejam seus efeitos, é o mesmo amor que dá sabor à vida.

Se eu simplesmente pudesse esquecer...

Não teria a carga que trago às costas. Seguiria como uma andorinha rumo ao horizonte, sem ter nada que me fizesse olhar para trás.

Mas como deslembrar de tanta coisa vivida?

Esqueço-me de tudo aquilo que me impede de avançar, mas reconheço que as pegadas na areia é que ajudam a me encontrar.

Se permanecer no passado é destruição certa, ignorá-lo nos colocará em perigos. O futuro espera de nós as lições das experiências.

“Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova. Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo.” Is43.18 e 19.

Se eu simplesmente pudesse ser feliz...

Não existiriam conquistas. Sequer reconheceríamos nosso estado de graça... O aguaceiro é que nos fará ansiar pelo sol, a escuridão pelo alvorecer.

Deus nos ajudará a seguir.

“[...] O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Salmos 30:5

"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Mateus 11:28-30

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Um só coração

Se você me der um beijo, um beijo, certamente, voltará.

A medida de seu abraço me mostrará com exatidão a distância que deve existir entre nós. Por isso gosto tanto de abraços apertados...

Quase sempre meu comedimento me impede de avançar os limites. Nos relacionamentos, acompanho os passos do condutor. Não é orgulho, é falta de jeito mesmo.

Se você disser que me ama, com essas palavras retribuirei. Não por me parecerem as mais educadas ou devidas. Apenas terei a força necessária para libertar meu sentimento verdadeiro.

Se você não disser nada, tudo bem. Meu zelo por sua vida talvez revele o que sinto por você. O que eu escrevo aqui no blog também expressa.

Relacionamentos nascem, crescem, amadurecem no espaço a eles destinado no plantio. Um lugar muito apertado sufoca; amplo demais mata.

A distância certa só a intimidade revelará. Ela nos fará compreender a razão dos sentimentos, a verdade além das palavras, o que de fato existe entre nós.

Deus nos quer assim: próximos o bastante para desenvolvermos o amor perfeito e alcançarmos um só coração, uma só alma.

Que Ele nos ajude a romper com as arestas que nos afastam!

Deus nos abençoe!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sobre o tempo

Dizem que o tempo cura todas as feridas. Eu não estou bem certa disso. Talvez não tenha tido tempo suficiente para visualizar todas as benesses do passar dos anos.

O tempo muda estações, estabelece nova direção aos ventos, ensina, possibilita novas oportunidades, estimula términos, começos e recomeços, mas será capaz de restabelecer algo perdido, esquecer uma saudade, apurar os sentidos, perdoar as grandes faltas, preencher as lacunas?

Há muitos que creem no poder do tempo, que sempre dizem diante da dor mais sentida: com o tempo vai passar.

À medida que a vida avança, as amarguras se arrefecem, a nostalgia perde a força e abre lugar para a esperança, mas esse espaço para a esperança não é preenchido pelo tempo, apenas por Cristo.

Conheço pessoas que passaram por grandes lutas, perdas e aflições e com a ajuda de Deus, aos poucos, se reestruturam e seguiram mais fortes, menos vacilantes. Outras que se sustentaram em sua própria capacidade ainda hoje sofrem por frustrações de um passado distante.

Como está escrito:

“[...] aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam bem alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam” Is.40.31.

O tempo pode ser compreendido como um dos instrumentos que Deus utiliza para sarar. É uma máquina de adaptação, oportunidade para começos, páginas novinhas a serem escritas.

O tempo deixa para trás o que é bom e o que é ruim e Deus vai nos ajudando a lidar com as perdas e os ganhos ao longo do caminho.

Aos poucos, entendemos que não é o tempo que cura, mas Deus, pois seu Amor é a única coisa que permanece.

Que esse Amor nos envolva e nos ajude a seguir e vencer!