quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Vida boa

Gosto de viver como se a vida tivesse mais possibilidades do que a realidade. Como se amanhã tudo fosse mudar. A chuva cair, a semente brotar, a natureza transbordar de alegria.

Eu não sei se isso é otimismo. Ou fé. Ou um ponto de minha personalidade. A verdade é que, nos meus desenhos, o futuro aparece colorido... Como as crianças sempre fazem. Por isso gosto tanto delas. A capacidade de sonhar, imaginar, tornar a realidade menos pesada... Por isso, quando eu crescer, quero ser como elas.

Aliás, Jesus nos aconselhou assim:

“Se vocês não mudarem de vida e não ficarem iguais às crianças, nunca entrarão no Reino dos céus”. Mt 18.3

Onde estão as crianças?

Trabalhamos tanto. Acordamos cedo, corremos de um lado para o outro, estudamos tudo e mais um pouco. E pra que? Pra ter uma vida boa.

Mas vida boa mesmo é a das crianças. Não que não tenham problemas, preocupações, mas porque são naturalmente contentes.

A Bíblia não condena a riqueza em si, mas o apego exagerado ao dinheiro. Não é nada mal ter dinheiro, desde que você não se torne um escravo dele.

Muitos começam a ganhar dinheiro e ficam impressionados com isso. Aos poucos, vão abrindo mão de tudo por ganância.

Rejeitam a bondade, o altruísmo, a honestidade, a verdade, a fé... Qualquer coisa que, porventura, levante-se como empecilho para a conquista de seus impérios.

Algumas igrejas (que se dizem cristãs) tem seguido essa tendência. A orientação mudou. Antes se dizia: tome sua cruz e siga a Cristo. Hoje, o estímulo é para vivermos como reizinhos mimados, conduzidos por todo vento de doutrina. Quanto mais vantagens, mais fieis.

Em 1 Tm 6.7-10 encontramos:

“O que foi que trouxemos para o mundo? Nada! E o que é que vamos levar do mundo? Nada! Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso. Porém, os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem na desgraça e na destruição. Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos.”

Conta-se que um empresário tirou poucos dias de férias e foi à praia. Ao avistar um pescador, deitado na sombra de uma árvore, tomando água de coco, perguntou:

- Quantos peixes você pesca por dia?

- O suficiente para comer com minha família no dia.

- E por que você não passa mais tempo pescando, vende mais, estoca, contrata empregados, empreende?! – questionou o empresário, incomodado com aquela tranquilidade.

- Mas para que?

- Pra que, como eu, você possa tirar férias, ficar na sombra e água fresca, admirando o mar.- concluiu o empresário.

Não estou estimulando ninguém ao marasmo. Sei que o trabalho dignifica e que é preciso plantar para colher.

A reflexão aqui é outra: viver uma vida boa. O que não significa estar com os bolsos cheios, mas com a alma farta.

O contentamento é uma arte. É sentir-se satisfeito, ainda que as circunstâncias não sejam as mais satisfatórias.

Peçamos a Deus serenidade e sabedoria para vivermos como crianças.

“E Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês tenham sempre tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário para fazerem todo tipo de boas obras”. 2 Co 9.8.

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