Aos dez anos, tive o prazer de gastar meu primeiro "dinheirinho", fruto da venda de meus primeiros contos (o livrinho “Primeiros Contos de Lara”).
Não pensei muito para escolher minha primeira aquisição: uma linda cadelinha pastor-alemão.
Meu irmão (na época com 11 anos) sugeriu uma sociedade. Eu entraria com o dinheiro e ele com os cuidados, “mas minha porcentagem tinha que ser maior”.
Ele comprometeu-se a dar banho, comida e tudo o que fosse necessário e eu aceitei a proposta. Meu irmão cumpriu com suas obrigações de sócio, o que eu não esperava era que a “Babalu” (como foi batizada a cachorra) se apegaria mais a ele, pois era sempre ele quem escovava seus pelos, preparava uma ração gostosa, brincava com ela e lhe exercitava. Ela passou a ser mais dele do que minha.
Aprendi que relacionamentos sinceros são construídos e aperfeiçoados nos momentos mais simples, mais comuns e essenciais. Não há dinheiro que compre, nem ditaduras que conquistem.
São os cuidados diários, as pequenas lembranças que aprofundam laços, estreitam amizades, revelam o amor.
Há alguns meses, em uma das cidades por onde passei, não encontrei hotel para pousar. Liguei para uma senhora de lá, com quem eu tivera apenas um contato rápido certa vez, e lhe perguntei se ela conhecia alguma casa onde eu pudesse alugar por temporada.
Ela me disse que não sabia de nenhum lugar, mas que eu poderia ficar em sua casa.
- Minha casa é simples, não tem o conforto de um hotel, mas uma coisa não falta: amor. – disse ela.
E, de fato, não faltou. Nos dias em que passei ali, senti-me bem à vontade. Ela sempre solícita se preocupava em fazer lanche para eu levar ao trabalho. Um exemplo de altruísmo.
Fui embora, mas continuamos ligadas.
Também outras pessoas têm me ensinado sobre o “amor-cuidado” que surge despretensioso, associado à bondade.
A maior declaração de amor que alguém pode prestar não se limita a palavras, mas envolve uma atitude de desprendimento e disponibilidade para com o outro.
O pai que vela o filho doente. A esposa que acompanha e zela pela missão do marido. O marido que dá a vida pela mulher. O amigo que, mesmo distante, permanece confiável e disponível. Deus que enviou seu único Filho ao mundo para que, morrendo, restaurasse sua amizade com o ser humano.
Não é fácil relacionar-se íntima e profundamente. Normalmente, esperamos dos outros as melhores virtudes para conosco, mas estamos pouco dispostos a fazer o mesmo.
Deus nos ajude!
E mais uma vez,você nos surpreendendo com palavras abençoadas!
ResponderExcluirObrigada,querida Lara!
Que DEUS continue lhe enchendo sempre de sabedoria,para que através de seus textos possamos aprender mais e mais!
Grande abraço.
Julia