domingo, 15 de julho de 2012

Eu quero um amor assim

Hoje li um relato do médico Richard Selzer (citado por Brennan Manning, no livro O Evangelho Maltrapilho, p.107) e quero compartilhar com vocês:

“Estou em pé junto ao leito onde jaz uma jovem, seu rosto em pós-operatório; sua boca, retorcida com paralisia, tem um quê de palhaço. Um minúsculo ramo do seu nervo facial, aquele que controla os músculos da boca, foi removido. Ela ficará assim daqui em diante. O cirurgião havia seguido com religioso fervor a curvatura da sua carne, isso eu podia garantir. No entanto, para remover o tumor de sua bochecha, tive de cortar aquele nervinho.

O jovem esposo dela está no quarto. Ele está em pé no lado oposto da cama e juntos eles parecem habitar a luz vespertina da lâmpada, isolados de mim, num mundo particular. Quem são eles, pergunto a mim mesmo, ele e esta distorcida boca que fiz, que olham-se um ao outro tão generosamente, com tanta avidez? A jovem fala:

- Minha boca vai ficar assim para sempre?

- Sim – digo. – Vai ficar assim porque o nervo foi cortado.

Ela assente e silencia. Mas o jovem sorri.

- Eu gosto – ele diz - Acho uma gracinha.

[...] Sem nenhum constrangimento, ele inclina-se para beijar a boca torta, e estou tão perto que consigo ver como ele entorta seus próprios lábios para ajustá-los ao dela, para mostrar-lhe que o beijo deles ainda funciona.”

O amor de Cristo por nós é assim. Um amor que vai além de estereótipos, de limites razoáveis, de lógica ou aceitação...

Eu quero um amor inspirado em Cristo: paciente, bondoso, que não inveja, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Um amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1 Co 13:4-7).

Ler sobre esse tipo de amor até me emociona. Estamos tão acostumados a associar o amor a combinações de beleza, a jogos de interesses, que quando ele aparece em sua forma genuína, ficamos assombrados, admirados.

Quando esbarramos na rua com essas demonstrações amorosas sinceras até desconfiamos.

Antes de começarmos a namorar, vez por outra, Lívio me convidava para jantar. No restaurante, ele sempre ajeitava uma cadeira para sentar e eu sentava em outra. Depois de essa cena repetir-se algumas vezes, ele acabou me perguntando:

-Por que sempre puxo uma cadeira pra você e você senta em outra?

- Não estou acostumada a cavalheirismos. Na dúvida se a cadeira era pra mim, preferia sentar em outra.

Que mico, hein?!

Mas a verdade é que o tempo todo estamos dando foras como esse. Deus nos oferece banquetes e puxa cadeiras para que possamos usufruir de seu maravilhoso amor e nós, tão distraídos e desconfiados, acabamos rejeitando o convite.

Deus diz para os maridos amarem suas esposas como Cristo amou a Igreja. É um amor que envolve sacrifício, capaz de dar a sua própria vida, mesmo que o ser amado não pareça merecedor.

Cresci ouvindo a história de meus bisavós. Eles faziam tudo juntos, até comiam no mesmo prato. Nos últimos dias de sua vida, ele só queria que minha bisavó ficasse ao seu lado, segurando-lhe as mãos.

O amor de Deus é perfeito e só Ele pode nos aperfeiçoar no amor. Peçamos a Ele dessa Graça.

3 comentários:

  1. Amei Larinha,você sempre me emociona com seus textos lindos.Parabéns!
    Rosa Leal.

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  2. Nossa Lara,acho impossível alguém não se emocionar com palavras tão lindas!
    Como é bom ler isso...
    Mais uma vez,muito obrigada por nos dar essa alegria com esse belo texto!
    Bjo

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  3. Obrigada, meninas!Que Deus continue a nos inspirar e emocionar... Deus as abençoe!

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