quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mundo louco

O que fizemos com nossas crianças?! Agora a onda é “sensualizar” na internet. Começou com a moda de fotografar poses sensuais em frente ao espelho e ninguém sabe aonde vai chegar...

Antes a meninada não tinha ipads ou laptops, não mergulhava na rede, não tinha dedos familiarizados com touch screen, nem sonhava com relacionamentos virtuais, mas brincava de peão e de boneca, no quintal ou na sala, debaixo de nossos olhos e saias, segurando as mãos e tentando descobrir o que existia no fim do arco-íris.

Apesar de pequenos, seus mundos eram verdadeiros. Ali mesmo vivenciavam grandes aventuras. O futebol na calçada, o esconde-esconde, o pega-pega, a caça ao tesouro. Vez por outra, se beliscavam, gritavam “maiê, olha ele!” e resolviam seus pequenos dilemas da infância.

As brincadeiras seguiam a leveza de suas idades, as nuanças da imaginação...

Não lhes outorgávamos uma posição maior, nem menor. Eram crianças na medida exata da palavra, livres de grandes responsabilidades e sujeitas a autoridade dos pais.

Havia tempo para conversar com elas e lhes contar histórias e outras coisas, mas no diálogo filho sabia que era filho, pai sabia que era pai.

Nada de inversões, relativismos, nem cobranças descabidas. Respeitavam-se as experiências e as idades, cada acontecimento a seu tempo.

Hoje se esqueceu da simplicidade das coisas.

Está tudo muito confuso. Antes o armário era apenas um móvel na casa. Lembro de uma vez que meu irmão trancou um coleguinha dele dentro do guarda-roupa e perdeu a chave. Minha mãe ficou desesperada. Já prestes a arrombar a porta, finalmente conseguiu libertar o garotinho.

Agora estar dentro ou fora do armário tem outra conotação. Nada mais é óbvio, homem não é homem, nem menino é menino... Prevalece a máxima: ninguém é de ninguém.

Fala-se na preservação dos mares, rios, ares, mas não há quem levante a bandeira da preservação da alma infantil, da inocência própria dos pequenos.

Não há regras, nem moderados. O que me lembra um poeminha que escrevi ainda na infância:

“Se um dia eu encontrar uma laranja em um pé de coco
Não me assustarei nenhum um pouco
Pois o mundo está louco”...

Se antes eu encarava a loucura do mundo com a espontaneidade de uma criança, atualmente estou assustada.

Dia após dia, chega até nós as mais escabrosas histórias que revelam um ser humano evoluído, em termos tecnológicos, mas cada vez mais distante de alcançar o propósito para o qual foi criado.

Tantos casos de pornografia infantil, revenge porn (vingança pornô)... Os androides se tornaram armas apontadas e fazem vítimas a todo instante.

O Big Brother é a herança do povo e há uma procura grande por aplicativos como o Lulu (aquele em que as mulheres dão notas aos homens de suas redes sociais).

As orgias deixam as caladas da noite e aparecem a qualquer hora do dia nas telas dos computadores e nos celulares mais variados...

As crianças estão lá. E os pais, onde estão?

Crianças precisam de proteção e é nosso papel defendê-las. Omitir-se é uma forma de agressão. O que seu filho anda vendo na TV, por quais sites ele navega, o que carrega na mochila, quem são suas companhias, sobre o que conversa?

Quando se trata de criança, tais medidas não são invasão de privacidade, pelo contrário, é preservação, zelo, amor.

Fechar a porta da casa e escancarar a janela para o mundo (sem qualquer tela de proteção) é uma incoerência.

Imponha limites, converse, dedique tempo, ensine valores, lute por seus pequenos hoje! Amanhã pode ser tarde demais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário