Você pintou “Irreversível” na proa. Diz que está farto de carregar o anzol e lidar com tantos peixes. O balançar das ondas lhe causam náuseas. O dia é enfado, à noite solidão.
A profundeza do mar parece atrai-lo. Não se jogue. Lá é só escuridão.
Acredite, a embarcação continua seguindo. Está devagar, mas nem naufragou, nem encalhou por aí. Não abandone o barco, não vá querer morrer na praia.
É certo que os peixes são teimosos, mas um dia eles se rendem e acabam em nossa mesa. Garantem uma vida saudável, colorem a tez mais morta. O anzol que nos fere é o mesmo que nos serve.
Também as ondas são necessárias. Parecem repetir constantemente:
- Ei, você não está em terra firme, muito menos em sua pátria! Tome cuidado!
Conscientes do perigo ao redor, damos braçadas mais motivadas, tentamos manter o equilíbrio, os pés sempre em movimento. É o desconforto que nos impulsiona para frente, nos tira do marasmo.
A qualquer hora podemos pular fora, mas isso será um ato de fé e de coragem?
Posso não ser uma grande navegadora. A maresia não perdoou as pernas das minhas cadeiras, mas o que você me diz desta brisa suave? Nos momentos mais incômodos há um alívio sempre perto.
Às vezes, são os delírios do mar que não nos permitem enxergar a ilha próxima.
Pare um pouco, preste atenção. Está vendo, bem ali! Logo teremos os pés no chão, um lugar quieto para pousar.
Acredite, enquanto há vida, há possibilidades! Nada é irreversível, enquanto durar.
Amanhã, estaremos seguros. O barco nem importa, mas quem esteve a nos guiar.
Bela reflexão, Lara! Bálsamo, consolo para o meu coração. Obrigada por escrever pra gente. Bjos
ResponderExcluirObrigada você, Vânya Lira! Vc sabe como é importante quando temos um retorno assim dos leitores. Deus a abençoe! bjs
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