quarta-feira, 12 de outubro de 2011

É bom crescer?

Hoje é dia das crianças. A infância é uma fase celebrada, momento em que desfrutamos de dias inesquecíveis.

Casimiro de Abreu registrou a saudade que tinha desse tempo em versos que se tornaram famosos:

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
[...]
Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã! [...]

Lembro que quando eu tinha meus oito anos de idade, algo me preocupava demais: é bom crescer?
Buscando solução para minhas primeiras questões filosóficas, procurei meu pai e perguntei:

- Pai, é melhor ser criança, adolescente ou adulto?
Ele ficou meio perdido com essa pergunta inesperada até responder:

-Todas as fases são boas...

Mas qual é a melhor?- insisti, achando que sua resposta estava vaga.

Então ele disse que melhor mesmo era ser criança, pois são livres para brincar sem tantas preocupações.

Creio que meu pai achava que essa seria a resposta que mais alegraria o meu coração, mas sua escolha me deixou ainda mais preocupada, pois meus aniversários me lembravam que logo a infância passaria e (na minha cabeça) nas outras fases da vida eu não seria tão feliz.

O tempo passou e Deus me deu a alegria de achar que o hoje (embora com suas dificuldades) é sempre melhor.

Podemos preservar o que há de bom na infância e agregar a isso a maturidade e o discernimento alcançados com o tempo.

É bom lembrar de nossa meninice com alegria, mas não com o sentimento de que naquele tempo se era feliz e não sabia, como se só naqueles dias a vida valesse a pena.

Você pode ser feliz hoje, mesmo que os sinais da idade comecem a aparecer, e seu corpo não corresponda às suas expectativas, e você não tenha o mesmo pique, nem a mesma agitação.

Resgate de sua infância a capacidade de sonhar, criar e se contentar com as pequenas coisas.

Certa vez - quando éramos professoras da classe infantil na igreja- demos de lembrança para as crianças uma bonequinha de papel (que elas ajudaram a confeccionar). Depois a mãe de uma delas nos procurou para dizer que sua filha tinha algumas bonecas, mas era aquela de papel a que a menina gostava mais.

Talvez seja isso que falte aos adultos: simplicidade e contentamento. Complicamos o simples e, ainda que tenhamos fartura, nunca estamos satisfeitos.

Hoje quando penso na primeira resposta de meu pai já não a acho vaga. Apenas a complemento: Toda fase é boa, mas tem suas dificuldades. Crescer é bom, desde que o crescimento não seja apenas físico.Na verdade, não é só bom, mas necessário.

Deus nos ajude a usar o tempo a nosso favor: aprendendo nas tribulações, compartilhando nossas experiências e não errando mais os mesmos erros.

Que possamos viver nossos dias com a leveza de uma criança e o discernimento de um senhor experiente. Que as intempéries ao longo do caminho (como traumas, perseguições e medos) não nos façam olhar pra trás e querer voltar. O nosso caminho é pra frente. Precisamos avançar, livrando-nos de todos os fardos que querem nos fazer parar.

Sozinho não é possível. O adulto dentro de nós quer nos dizer que somos completamente independentes, mas há um espaço dentro de nós chamado limitação, fraqueza. Não estamos no controle de tudo.

E então você pergunta : e agora quem poderá me defender?!

Nosso herói é Todo-Poderoso e (melhor) é real!

Volte a ser criança e creia que você tem um Pai amoroso, com os braços estendidos a receber todos os que a Ele se achegarem. Um Pai que o coloca no colo e diz: estou aqui. Você não está só. Não tenha medo.

Ele o protegerá de todo mal.

Um feliz dia das crianças para todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário