segunda-feira, 17 de março de 2014

A vida vai

A vida vai
Os rastros ficam
Onde eles foram registrados determina quanto tempo durarão
Se na rocha ou na areia
Se alguém os protegeu dos desgastes do inverno e do verão

Eu queria gravar os momentos mais lindos
Imprimi-los e espalhá-los por toda a casa

Um dia não seremos os mesmos
Nossa imagem no espelho revelará um desconhecido

As crianças crescerão
O relógio girará
As roupas sairão de moda
Olharemos o porta retrato
E não acreditaremos que um dia usamos aquele trapo

O tempo passa
A casa fica vazia
E a gente percebe que o tamanho de um lar
Se mede de forma diferente
Por menor que seja o espaço
Torna-se grande quando algum dos habitantes se vai

Eu queria abraçar todo o tempo de amor
E não chorar de saudade
Mas a vida é assim
Não somos donos das estações
Muita coisa se esvai, escorre entre os dedos
E nos resta não olhar para trás

A gente se reinventa
As quedas deixam marcas, mas ensinam
A gente cresce e diminui o tempo todo
E percebe que o valor está naquilo que não vemos com esses olhos carnais

Hoje é o que existe
Ontem se perdeu para sempre
E Amanhã nem sabemos o que será
Na verdade, bem disse aquele velho sábio:
“O Presente é o ponto no qual o tempo toca a eternidade”

Viva sem medo
“Ande pelos caminhos que satisfazem o seu coração e agradam aos seus olhos”
Só não esqueça que é deste Presente
Que seremos lembrados
É dele que prestaremos contas

sexta-feira, 14 de março de 2014

E viu Deus que isso era bom

Ao longo de toda a narrativa da criação, podemos perceber uma frase que aparece várias vezes: “E viu Deus que isso era bom.”

De fato, não havia outra conclusão a se chegar diante de uma obra que revela a perfeição de um Artista completo, que não abre mão dos mínimos detalhes.

Porém, ao percorrer os olhos mais atentamente, Deus constatou que havia uma coisa que não era boa: a solidão.

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”Gn 2.18

Para executar o plano, Deus fez o primeiro homem cair em sono profundo e então lhe tomou uma das costelas e transformou-a numa mulher.

Adão morava em um mundo perfeito, cercado por animais amistosos, mas de que adiantava viver em um lugar paradisíaco se não tinha alguém com quem compartilhar?!

Se pudessem, algumas pessoas o aconselhariam:

- Fica na tua, Adão! É melhor a companhia de um bicho do que a de gente. Eles não nos magoam, nem traem, nem abandonam, nem frustram.

C.S. Lewis diria (como disse em um de seus livros):

“Ame qualquer coisa e certamente seu coração será atormentado e, possivelmente, partido. Para certificar-se de mantê-lo intacto, não o entregue a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente com passatempos e pequenos luxos; evite qualquer complicação, guarde-o na segurança do cofre ou esquife de seu egoísmo. Mas nesse cofre-seguro, sombrio, inerte e sufocante- ele se transformará. Não se partirá, mas se tornará indestrutível, impenetrável, irredimível. A alternativa a uma tragédia, ou pelo menos ao risco de uma tragédia, é a condenação eterna. O único lugar além do céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e perturbações do amor é o inferno.”

Quem sabe tudo isso não lhe veio à mente no tempo em que esteve como único ser humano da terra?!

Adão era um homem completo (afinal solteirice não quer dizer incompletude, Deus nos fez completos), mas sentia-se só.

Quando Deus apresenta Eva a Adão, ele não consegue conter-se de alegria e diz emocionado:

“Agora sim! Esta é carne da minha carne e osso dos meus ossos. Ela será chamada mulher porque Deus a tirou do homem.” Gn 2.23

Somos seres relacionais. Fomos criados para amar, viver em comunhão com nossos pares, sejam eles cônjuges, amigos ou familiares.

Deus nos ajude a viver em união, exercendo o perdão e desfrutando da paz e da alegria em todos os nossos relacionamentos.