quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Resiliência

Eu e Lívio estamos doentes. Depois de nos examinar e desenvolver um diálogo amistoso, a médica nos disse que nós seres humanos temos uma grande capacidade de nos adaptar a contextos diversos e, mesmo, difíceis.
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Há alguns dias, a palavra "resiliência" não me sai da cabeça. Oriunda da física e da ecologia, a expressão tem sido usada para definir pessoas capazes de enfrentar pressões, estresses, problemas e manter uma harmonia mental, um equilíbrio emocional.

Talvez hoje, se fizéssemos uma enquete, essa capacidade seria um dos primeiros objetos de desejo nas listas de pedido de oração. Se não é, deveria ser, afinal nossos tempos guardam grandes conflitos, poucos são os que podem se dizer livres das tormentosas horas deste século vil.

Agora que estamos morando no interior, fico observando as senhoras (e senhores), sentados nas calçadas, batendo papo nos fins de tarde; e penso: precisamos resgatar essa simplicidade, essa vagareza que não nos enrica, mas também não nos endoida.

Nossa geração cresceu ouvindo que deveria chegar ao topo. Mas não se disse que para se chegar lá, a caminhada é longa, a subida é íngreme, os joelhos são fracos...

Não se ensinou que as frustrações, tropeços, conflitos e pressões acontecem, mas podemos superá-los. Por isso chego à conclusão que, na prática, poucos sabem o real sentido da palavra resiliência.

Muitos mal começaram e já estão trôpegos, cansados, descrentes.

Esquecem que faz parte olhar as belas vistas, fazer novos começos, cair e levantar. Que nossa resistência aumenta, à medida que aumentamos os pesos. Que os ‘sims’ virão, mas não são a regra em nossa jornada.

Moisés insistiu com o Faraó para que ele liberasse o povo de Israel da escravidão e depois de obter a permissão, foi traído e perseguido pelo deserto. Ainda assim continuou sua andança, liderando um povo mal-agradecido por 40 anos, porque cria na promessa de Deus.

Paulo disse sim a Cristo, mas suportou “nãos” por todos os lados. Foi preso, torturado, enfrentou naufrágios, cegueira e, por fim, a morte, mas não abriu mão de sua missão.
O topo nunca será o topo se for ele o fim em si, a primeira razão.

Ser próspero é atravessar a vida sem indiferença, enfrentando os percalços, com leveza, entusiasmo, sinceridade, esperança e amor. É reconhecer que somos fracos e dependentes do auxílio do Todo-Poderoso, que dias tristes e alegres vêm sobre todos. É ser pequeno e alcançar as frutas mais altas; é ser grande e enxergar as menores flores.

É a mãe que chora e ora, crendo na recuperação do filho. É a jovem (ou não tão jovem) que espera, apesar de temer a solidão. Pois prósperos são aqueles que olham para frente, crendo que, em Deus, estamos seguros o bastante para seguir.
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Estou lendo “O Livro dos Mártires”, de John Foxe, um relato sobre alguns homens que experimentaram até as últimas consequências o que é ser resiliente.
Abaixo, transcrevo um trecho que narra a morte de John Huss, condenado a uma pena cruel em julho de 1415, simplesmente por defender a verdade de Cristo.

“[...] Quando por ordem de seus torturadores, ele foi reposto de pé, alto e bom som disse ele: - Senhor Jesus Cristo! Ajuda-me para que com mente firme e paciente eu possa enfrentar a cruel e ignominiosa morte a que estou condenado por pregar a Palavra do Teu Santíssimo Evangelho. [...] O carrasco arrancou-lhe as vestes, prendeu-lhe as mãos às costas e o amarrou à estaca com cordas previamente molhadas [...] Seu pescoço foi preso à estaca com uma corrente. Ao vê-la, disse ele sorrindo que de bom grado a recebia por amor de Jesus Cristo, que, ele bem sabia, fora amarrado com uma corrente muito pior [...] foi acesa a fogueira, e John Huss se pôs a cantar em voz alta: - Jesus Cristo! Filho do Deus vivo! Tem piedade de mim [...] Quando toda a lenha se consumiu, a parte superior do seu corpo jazia pendendo da corrente. Eles a derrubaram com estaca e tudo [...] recolheram as cinzas com grande diligência e as jogaram no rio Reno, para que não ficasse sobre a terra o menor vestígio desse homem. Todavia, sua memória não pode ser apagada das mentes piedosas nem pelo fogo, nem pela água, nem por qualquer outra tortura”.

Deus nos ajude!

sábado, 15 de setembro de 2012

Até logo!

Amigos e amigas do Blog, esses dias eu estou sem net. Consegui algumas horas de internet e deu pra postar este texto (ainda que com certo atraso). Espero que esta situação se resolva logo. Abraços!
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Em julho de 2007, ingressei em um passeio dos sonhos. Depois de alguns dias, desfrutando momentos de descontração e aprendizado cultural, deparei-me com uma situação inesperada. Fui impedida de entrar na Inglaterra.

Foram horas de espera, algumas entrevistas até eles carimbarem meu passaporte e me devolverem a França como uma “não aceita”, sem nenhuma justificativa contundente.

E eu tive que seguir sozinha, carregando tantas malas, assustada, sem rumo, sem entender...

Não precisamos entender tudo. Devemos nos livrar dessa mania de querer compreender todos os desígnios, todas as situações e circunstâncias pelas quais passamos.

Se quisermos acertar na vida é necessário escolher “crer” antes de “entender”.

Enquanto nossa mente está limitada no tempo e no espaço, depende de experiências, capacidade cognitiva, inteligência emocional... A fé traspõe os limites das habilidades, dos sentidos e alcança o sobrenatural, a visão que só Deus pode ter.

Foi assim naquele dia. Pude ver o agir de Deus mais nitidamente, experimentei seu cuidado invisível e vivenciei a promessa de Sl.91:11:

“Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos”.

Deus enviou anjos para me servirem e eu saí dali mais crente, menos fraca.

Quando estamos desnorteados, Ele vem e clareia tudo.
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- Você a fez chorar.

Foi a acusação que recebi assim que desembarquei no Brasil, depois da aventura internacional.

Pedi uma explicação à fonte acusadora. Ela esclareceu.

Disse que minha sogra tinha desatado a chorar ao saber do ocorrido no estrangeiro e que só conseguiu se acalmar quando eu entrei em contato.

Para mim, aquele relato era como uma declaração de amor. Eu que até aquele dia nunca presenciara uma só lágrima sua, pude compreender o quanto ela me amava.

Sua preocupação fora maior que sua discrição e firmeza.

Hoje sou eu quem chora.

Dia 06 de setembro de 2011 ela partiu. Fazia pouco mais de um mês que estávamos morando fora e não pude me despedir com um abraço, um beijo, um olhar....

Poucos dias antes de sua partida nos falamos pelo skype e a sua última imagem (ainda viva) foi sorrindo, balançando suas mãos para mim, em sinal de adeus.

Um ano passou desde aquele dia marcante e ainda levo as marcas dessa grande despedida, da dolorosa separação.

O tempo não apagou sua imagem, que ainda surge linda em tranquilos sonhos.

Como nos grandes episódios, muita coisa mudou. Seguir em frente, adaptando-se às novas regras, sem deixar que a alegria acabe é um exercício. A vida continua, assim como o amor, a esperança...

O que sinto é uma saudade imensa, uma vontade de estar perto, de compartilhar momentos e emoções, de ser mais doce, menos exigente.

Choro não como quem está sem esperança ou como quem acredita que é o fim.

Minhas lágrimas não são descrentes. Elas creem que logo cessarão.

Deus nos ajudará a seguir!

domingo, 2 de setembro de 2012

Ama-me hoje

Ama-me hoje
Amanhã é tarde
O essencial não pode ser adiado

Pode ser que os luzeiros se apaguem
As flores murchem
O tempo voe

Ama-me hoje
Quando tu me tens tão perto
E nossas vozes encontram-se tanto
Nossos segredos são tão abertos

Antes que a juventude se despeça
A seiva acabe
O vigor esmoreça

Ama-me, apenas ama-me
É hoje o dia de amar
Esquecer as frustrações
Perdoar o passado
E ser feliz

Pois se os ventos mudarem
Só o amor será âncora capaz de segurar o que importa
E preservar a tranquilidade
Apesar das tempestades

Ama-me hoje
Amanhã é tempo de memória
Quando teremos muito para dizer
Lembraremos nossa história
Celebraremos as vitórias
E esperaremos o que há de vir